HOJE NÃO FALAREI



Hoje não falarei das noites e dias tristes
Nem tampouco dos poucos que me foram alegres,
Pois tristeza em minha vida insiste
Em ser o que me faz vivo e o que minha face reveste.

Hoje não falarei dos caminhos que pediste
Nem tampouco dos poucos que a algum fim levem,
Pois as idas e vindas nada são e tu já viste
Que companhias a mim juntarem não querem.

Hoje não falarei das amigas desconhecidas
Nem tampouco dos poucos momentos de verdade,
Pois horas são falsas e ínfimas
Quem ouviu irritou-se e quem não ouviu já sabe.

Hoje não falarei dos sentimentos
Nem tampouco dos poucos que foram sentidos,
Pois já disse muito do que não penso
Ou disse por instinto muito do que não sinto.

Hoje não falarei circunspectamente
Nem tampouco das poucas palavras,
Pois os códigos aos pares nada valem e sempre
Quando algo querem não dizem nada.


FERNANDES OLIVEIRA

NESTES RAROS DIAS


Nestes raros dias que estou bem
Chego a me entregar a certas regras
E do alto o astro rei até me alegra,
Mas um bom verso que é bom não vem.

E mais que eu force o ritmo não se integra
E como muitos, sentido não tem,
Contudo,se um dia agradar alguém,
Muito terá valido fugir da regra.

Brinco com motivo já gasto
Mesmo sabendo que o campo é vasto
Admito do meu lado somente a dor.

E se o verso perde o fino traço,
Outro com calma, aos poucos faço,
Enquanto ainda há razões para compor.

FERNANDES OLIVEIRA
13 de Maio de 1888
"Declara extinta a escravidão no Brasil. A princesa imperial regente em nome de Sua Majestade o imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua majestade o imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dado no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império.
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o decreto da Assembléia Geral, que houve por bem sancionar declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara.
Para Vossa Alteza Imperial ver".
ÁUREO MOMENTO NEGRO


De além-mar iniciava a navegação,
Que trazia em seu porão
Uma triste realidade.
Negreiro o nome do navio era
Trazendo de africanas terras
Homens e mulheres sem liberdade.

Como animais foram tratados
E assim por muitos considerados.
A mão de obra involuntária,
Produto de venda para o engenho,
E muitos se foram em lutas solitárias
Barbáries,que aqui citar vontade não tenho.

E quem foram os bárbaros lusitanos?
Quem são os escravos deste lado do oceano?
Vejamos tudo o que foi feito,
Olhemos ao menos uma vez para trás,
Para que hoje tivéssemos direitos
Muitos lutaram e morreram,um salve aos nossos ancestrais!

Rui Barbosa,Castro Alves,Nabuco e Zumbi...
Toques fúnebres vieram da senzala por aqui
Viva! Ao negro e a todos os santos
Do atabaque a dança dos negros da capoeira
Dos restos da comida dos brancos
A tradicional comida brasileira.

A mãe de santo convoca todos os Orixás
Isabel tira a coroa e se põe a dançar
Nossa liberdade ninguém nos tira
O novo feitor usa de calúnias colocando-nos à prova
Antes no tronco nos fez muitas feridas
Da senzala para a favela realidade de agora.

Dizem que não passávamos do vulgacho
Pela sociedade fomos desconsiderado no passado
Posto como sempre de lado
Brasil mais de quinhentos anos de história
Negros sempre à procura de espaço
Olhamos para trás e não vemos tantas glórias


De tempos em tempos líderes aqui e ali
Luther King,Malcon X,Mandela ,Obá,Zumbi…
Surgindo da favela para a fama
Talento e força de vontade temos, eu sei
A razão, sei que não me engana,
Negros uni-vos chegou a nossa vez.


FERNANDES OLIVEIRA

Declaração de Guerra

Hoje vou colocar um discurso, que acho muito válido
Declaração de Guerra

Hoje vivemos dias conturbados e declaramos guerra a todo e qualquer regime hipócrita e capitalista a toda imposição, a todo subjugo a toda falsa liberdade, um verdadeiro holocausto urbano, pois se não massacramos corpos o fazemos diariamente em escolas programas infantis, em bares, em diversas comunidades, nas rodas de amigos, nas novelas, a todo domingo junto com a família no sofá da sala ou nos entorpecendo com banalidades e coisas afins, somos escravos de nossa própria tecnologia. E a desenvolvemos para no mundo virtual criar soluções e o que conseguimos apenas novos problemas que julgávamos não os ter, enfim, somos a única prova de que não existe vida inteligente na terra, será que somos a evolução de um verme ou um amontoado de lama que acredita ter recebido o sopro divino? Cultuamos tantas coisas absurdas que esquecemos de cultuar e reconhecer nossa própria ignorância, pois ela sim deveria não existir, jamais. Ouvi dizer que somos preparados pra morrer, talvez única certeza que se tem nos dias atuais a sobrevivência é algo que buscamos dia a dia e vemos morrer diariamente aquilo que julgávamos deixar por último, sim, nossa esperança de que dias melhores virão. Vamos à guerra, matar milhares de pessoas, irmãos! O inimigo ainda está de pé, "e a guerra sempre aumenta a tecnologia, seja ela quente, morna ou fria" porém muito mais morrem por causa da intolerância pela falta de conversa, pela falta de acerto, pela ausência de políticas inclusivas, pelo preconceito estrutural que muitos fingem não existir, por mero descuido, e olha que o dispositivo é mecânico e depende da ação humana, porém se a bala se perde e vai de encontro a seu filho, ai sim, vira problema enquanto os que caírem forem apenas do outro lado, você não liga é apenas um ponto a mais no gráfico, na escalada absurda de seus institutos de pesquisa. “Agora estão me levando / Mas já é tarde./Como eu não me importei com ninguém / Ninguém se importa comigo”. O menino pulou o muro em busca de um par de tênnis, é plausível a tv e os outdoors disseram que ele precisa disso para ser "considerado" caso contrário, ele não faz parte do grupo. O celular mais caro, cheio de recurso, brilha na mão do moleque de 12 anos desprotegido na calçada, enquanto isso uma mãe vende balas no sinal, pois a patroa esqueceu onde guardou o colar da H. Stern, 'é claro, preta e pobre só pode ter sido a empregada', vai sistema continue julgando, e esqueça que seu projeto de futuro da high society, 15 anos, empenhou tudo por um monte de pedra, por uma viagem muito louca. Há!há!há!há! Tenta desintoxicá-la na clínica e alto padrão, enquanto os patrícios aqui ocupam centro de reabilitação, tentam ser reeducados, segundo suas cartilhas obsoletas 6, 10, 15 anos criando monstros, vai alimenta o pitbull na corrente, enquanto pode, só não queira que ele role e mostre a patinha quando estiver solto. Nosso problema é cultural, é a cultura de quem pode mais chora menos que tem de mudar, a senzala vai ter que tomar a casa grande, render a sinhazinha e o barão, derrubar as grades do preconceito e desligar o detector de presença, e se fazer presente onde tentarem impedir o seu acesso. Resistir e ocupar. Também para andar de Viton e Touareg na calçada da fama sem ter que tropeçar com um parente sem identificação morto embaixo do jornal. Ria ou se horrorize, pois esse é nosso cenário, um monte de tijolo vermelho empilhado que deseja um dia ser um lar, um monte de pipa no alto do morro dando aviso de eles 'estão chegando', mas ainda dá tempo vamos correr pelos fundos, ou ficar e enfrentá-los de frente. Não anuncio o fim do mundo agora, ele já começou e faz mais de quinhentos anos, terra dos segredados, das putas da Europa, dos saqueadores, foi reduto dos filhos da Coroa na fuga de Napoleão. E com o rabinho entre as pernas o herdeiro disse entre o fogo e frigideira é aqui que eu fico, independência, isso é balela, conversa de ninar boi, nossa autossuficiência é apenas de cinismo, pois o resto é vendido de graça e recompramos depois para atender apenas a interesses de nossos líderes e governantes, hoje os colocamos lá, fazer o quê, se o governante é retrato do povo que ele governa. Querem uma reforma agrária, mas o planalto não quer dividir o pão, nordeste ainda está com sede, índios reclamam pelo espaço que perderam, "homem-branco vem me coloniza, me ensina a rezar tuas crenças, a orar pelos teus deuses, e agora reclama quando ando de Nike no pé, quem provou do doce quer mais é conhecer o melado". Podem me levar a forca, assim como fizeram com Tiradentes, afinal de contas além de levar de nós até as cuecas, querem ainda mamar na teta da ama de leite escrava, vai crendo que teu sangue é puro, em tuas veias corre um pouco de nós, e para reverter o déficit histórico não bastam apenas as cotas precisamos de condições iguais na disputa. Hoje vai ter festa em volta da fogueira, é a nova Inquisição, não caçamos bruxas e hereges e sim políticos corruptos, policiais desonestos, empresários inescrupulosos, enfim, o que tiver de pior em nossa sociedade para alimentar nosso fogo. Dentre os livros a serem queimados estão os best-sellers a Constituição Brasileira, Código Penal e o não menos importante ECA, este último para alguns é o sinônimo da impunidade. Não declaro guerra a nenhum país, etnia, religião e sim a todo ser hipócrita, que tem o poder nas mãos, mas não o utiliza, não toma nenhuma atitude sequer toma ciência dos fatos e razões apenas bate no peito com orgulho e braveja nem sempre em favor da massa iludida, pessoas assim apenas seguram a cordinha do sistema sem ao menos suspeitar que são guiadas para atender a um único objetivo. O pior é que no meio desta massa também nos encontramos indefesos e muitos indiferentes, e alegam “por que lutar quando a vitória parece ser impossível, por que lutar quando somos parte do mesmo mal que lutamos contra?''

13 maio de 2007

Visita do Papa

o papa ao brasil veio
sobre a tv um copo
sobre mesma despejei-o

sabe essa rima que falta no último verso

sabe essa rima que falta no último verso
ela não se encontrava nos meandros
nem tampouco nos meus interiores
eu a busquei tanto que sofri por não encontrá-la
eu a queria tanto que deturpei a métrica,
ofendi a estrutura sonora,
empobreci toda uma obra
por conta de uma mera aliteração,
e as flores que antes foram citadas,pederam todo o aroma
irrita-me agora apenas o fato de pensar em flores,
pois quem pensa em flores às vezes o pensa sem razão,
e comete vários erros e não me julgo mais humano por errar
mas mais feliz por ser livre para errar
o que me prende ao solo é apenas a metafísica,
e meu olhar não se prende a nada e a tudo se perde
e o meu eu viaja flutua e se insinua para mim mesmo
que me encanta,acaricia-me com mentiras indeléveis
e se esvai como a falsa sensação do beijo, e aspira ainda mais o beijo
que não se contém em si por recebê-lo,
hoje eu não queria escrever, não por medo
não por preguiça e ainda assim
há de pecorrer todo o universo
este, odioso e vulgar escrito,
e eu que pensava antes que era entendido,
que era fácil, que era realmente lido
eu pensava que era irreverente,
e sabia que não dava o melhor de mim
hoje infelizmente para tristeza de todos
eu até acreditei ser poeta.

Mão de poeta


Mão de poeta

Oh! minha destra
que um dia pensou
em manter-se quieta
diga-me palavras certas
o que me espera
alegria ou tristeza
velório ou festa
a minha inocência voce testa
e não sabes
que pouco dela resta
calmamente confessa
nas entrelinhas
o que o ser detesta
és igual a tantas
e a muito se presta
nada comandas
não és do coração mestra
e se não és tão modesta
não posso dizer mais
que não sou poeta